top of page

Bruno Guedes - ESPN


Nosso leitor Carlos Alberto enviou sua entrevista com o jornalista Bruno Guedes que trabalha com textos esportivos. Veja o desempenho do nosso companheiro:

Você acha que o início de carreira para um jornalista hoje é diferente de como foi na sua época?

Estou formado há cerca de seis anos, então acho que não houve tanta mudança assim. O que vejo, é que os recém-formados já chegam melhores capacitados para trabalhar com novas mídias. Isso deveria ser 100% bom, mas é claro que gerará um choque para eles, afinal de contas, encontrarão dentro das empresas de comunicação, certa resistência.

Como você descobriu que queria ser jornalista?

São dois momentos. Na infância, era apaixonado por futebol, sonhava em ser jogador, e conhecia times de cor, acompanhava notícias e resultados pelo mundo todo. Era muito inconsciente, mas ali já tinha um pouco da verve jornalística. Segui a vida, pensei em fazer educação física, depois comecei a fazer faculdade de História, até perceber que o caminho não era aquele e pedir transferência para Comunicação, onde poderia trabalhar com futebol de uma maneira que me atraía muito.

Quais são as maiores dificuldades da profissão de jornalista atualmente?

A falta de valorização do profissional. Baixos salários, carga de trabalho desumana, artimanhas para que não sejam cumpridas obrigações trabalhistas, são algumas coisas que viraram hábito, infelizmente. O jornalista está cada vez mais sobrecarregado, e isso prejudica enormemente a produção. Apuração, redação, são coisas que, mesmo em uma rotina insana, precisam ser feitas com tranquilidade. Isso está sendo cada vez menos possível.

Quais são as dicas que você dá para um jornalista iniciante?

Ouça. O bom jornalista erra, e erra muito, mas a forma com que ele entenderá as críticas dos mais experientes, os conselhos de redatores e editores, é fundamental para evolução na carreira. E claro, leia. Não só os grandes clássicos, as obras primas. Leia o que os bons jornalistas escrevem. Sempre ajuda.

Quem é sua referência no jornalismo?

Luís Mendes, por causa do respeito que tinha pela profissão e pelo ser humano de quem tratava, já que, uma vez, em entrevista, me revelou que o mais importante era manter a dignidade e nunca agredir ninguém, mesmo que tivesse que criticar uma atuação ou uma atitude.

Perante as dificuldades, você alguma vez teve dúvidas sobre o que você escolheu?

(Como profissão?). Sim. Em determinado momento da vida, você passa a ter família, contas altas para pagar. Não é fácil seguir trabalhando sem ter qualquer perspectiva de melhora, recebendo demonstrações de que só seu trabalho é importante, mas você como ser humano, nem tanto. Muitos jornalistas passam por isso, e era preciso escutá-los com mais frequência.

Especialmente na área esportiva, o que caracteriza um profissional criativo?

É importante entender o que é notícia. Nem sempre a boa história é a mais aparente, muitas vezes está em um detalhe ou personagem. Atualmente, o jornalismo se pasteurizou muito, por causa do acesso dos veículos ao mesmo material, em entrevistas coletivas, releases. Pesquisa e apuração são cada vez mais importantes para ter diferencial no conteúdo.

Quais são as principais diferenças entre alguém que possui uma página (blog) que trata especificamente de um time para um setorista?

No meu caso, no ESPN FC, faço um blog de torcedor, então, a ideia é que nem todo texto será de um jornalista. Já houve casos de eu publicar informações, em que adotei um tom mais noticioso, para separar as coisas. Quando dou uma opinião, no entanto, preciso apostar na minha paixão, para me dirigir a quem vai ler. Um setorista cobre um clube e vive seu dia-a-dia, mas precisa transmitir o que acontece sem envolvimento.

Na produção de uma matéria, onde se encontra espaço para ser criativo, sem perder de vista a notícia que deve ser dada?

Como disse acima, é preciso treinar o olhar para enxergar o que nem todo mundo está vendo, mas sem forçar a barra, claro, para não acabar abordando algo desinteressante. Ser criativo, entendo, não pode ser confundido com ser engraçadinho. Há espaço para bom humor, claro, mas a informação sempre deve ser protagonista. É preciso tratá-la bem, deixá-la clara ao público, a partir daí, não é preciso muita criatividade para que ela seja bem recebida.

Você acha que, de alguma maneira, o modo de se fazer jornalismo esportivo está estagnado?

Não. O jornalismo esportivo apresenta a dificuldade de termos que tratar diariamente com paixão, com opiniões divergentes, com polêmicas, algo, por exemplo, que está vivendo o jornalismo político atualmente, e que está deixando muitos companheiros com dificuldades. Há grande profissionais com microfones, canetas, gravadores, celulares e computadores por aí, produzindo trabalho de excelência todos os dias, dentro e fora das arenas, se reinventado, seja na produção de conteúdo, na linguagem, no uso de novas mídias.


 Publicações Recentes 
bottom of page